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O que vou contar, aconteceu comigo quando eu tinha 10 anos de idade, e foi verdade.
Quando eu tinha 10 anos, os meus pais me colocaram para ter aulas de natação
em uma academia em São Paulo.
A piscina tinha tamanho olímpico, uma parte rasa e
uma parte funda com três trampolins em uma plataforma, um mais alto do que o
outro.
Tudo estava indo bem, até o professor nos levar para treinar nos
trampolins.
No trampolim mais baixo eu não tive problemas, usava ele numa boa, então chegou a hora de usar os trampolins mais altos.
Enquanto eu subia, minha vontade de pular de cima aumentava, mas quando eu subi na plataforma mais
alta e olhei lá para baixo, eu vi algo na água.
Havia um garoto deitado no fundo da piscina.
Ele estava virado para baixo e não
se mexia.
Ele estava pálido e eu tive a impressão que ele estava lá já havia
algum tempo, então gritei e avisei o professor o que eu estava vendo, e então todos
saíram da piscina e foram para a área seca, e o professor pulou na água, só que
não achou ninguém lá embaixo.
Enquanto isso eu descia da plataforma, e quando
cheguei no chão e olhei para a piscina, não tinha mais ninguém lá embaixo, só o
professor.
Ele ficou muito bravo comigo, mas não me deu uma bronca muito grande,
pois achou que eu tivesse visto algum dos garotos nadando lá embaixo, ou que era
a minha imaginação arranjando alguma desculpa para não pular lá de cima.
Em
todo caso, as aulas do dia tinham acabado.
Na aula seguinte, nós começamos a nadar seguindo as faixas pretas dos azulejos
escuros no fundo da piscina.
Nós começávamos no raso, nadávamos até o fundo e
voltávamos.
Quando eu cheguei no fundo, eu fiquei assustada quando vi o mesmo
garoto deitado no fundo da piscina.
Eu parei de nadar e fiquei apenas olhando
ele com a cabeça dentro da água.
Ele realmente não estava se mexendo.
Então eu
continuei nadando e quando cheguei na beirada da piscina, saí da água.
O
professor falou para eu voltar para a piscina e terminar o exercício, mas eu
falei que não ia até que aquele garoto saísse de lá.
Ele foi até onde eu estava
e falou que eu tinha que superar o medo de ir para a parte funda da piscina.
Eu falei para ele que eu não tinha medo, mas eu não queria ficar lá com aquele
garoto no fundo da piscina.
Ele me colocou na beirada da piscina e falou para eu
apontar exatamente aonde estava o garoto, mas quando olhei para a água, ele não
estava mais lá.
O professor me colocou de volta na água e falou para eu
continuar nadando, que o resto da classe estava me esperando terminar.
Quando eu
comecei a nadar de novo, eu coloquei a cabeça na água e então vi o garoto lá
embaixo de novo.
Mas dessa vez eu continuei nadando e sai na parte rasa, me
juntando aos outros alunos.
Durante o resto da aula naquele dia, eu ficava com a impressão de que havia
alguém atrás de mim o tempo todo embaixo da água.
Mas sempre que eu virava, não
tinha ninguém lá.
Então chegou a hora de usar os trampolins.
Eu engoli seco e
subi a escada.
Quando olhei, cComo eu temia, lá estava ele, o garoto deitado no fundo da
piscina.
Eu hesitei por um instante, então o professor e o resto da classe começaram a
falar para eu pular logo.
Eu decidi que ia pular, peguei impulso e quando eu
estava para tirar o pé do trampolim, eu vi o garoto se virar, olhar para mim e
sorrir de um jeito que me dá arrepios só de lembrar.
Então eu escorreguei e caí na
água de barriga.
Apesar da dor, eu nadei o mais rápido possível até a outra
ponta e sai da piscina.
Todo mundo estava rindo de mim, quando eu olhei para
onde o garoto estava no fundo da piscina, ele não estava mais lá.
Depois disso, sempre que eu entrava na piscina, eu tinha aquela impressão de que
tinha alguém atrás de mim, mas sempre que eu virava nunca tinha ninguém, e eu já
não estava mais agüentando aquilo.
Então eu decidi que nunca mais iría pular do
trampolim mais alto, e o professor respeitou a minha decisão, falando que eu
devia ter medo de altura.
Em um dos últimos dias das aulas de natação, nós
estávamos nadando do raso até o fundo (eu insistia em ficar do lado da borda da
piscina, assim não teria que nadar sobre o lugar que o garoto sempre aparecia).
Quando estava na metade do caminho, eu senti alguém segurando na minha perna e
me puxar para trás.
Eu acabei indo para debaixo da água com a força da puxada e
então me virei rápido para ver quem era.
Era aquele garoto, segurando a minha
perna e ele estava com um sorriso ameaçador no rosto.
Parecia que ele queria me
puxar para o fundo da piscina.
Ele estava segurando forte e estava claro o que
ele estava fazendo.
Ele queria me afogar, queria que eu ficasse lá embaixo com
ele.
Eu também senti um ódio muito grande vindo dele.
Então comecei a chutar a mão
dele e de algum modo consegui me libertar depois de um bom tempo.
Eu nadei para
a superfície e sai da água correndo.
Eu estava assustada, mas sabia que não
podia simplesmente falar o que tinha acontecido para o professor.
Eu falei que
estava com cãibra na perna e achei que ia afundar.
Eu fui até o vestiário, me troquei, e fui até a recepção, e jurei nunca mais
entrar naquela piscina de novo.
Quando o meu pai veio me buscar, o professor nos
chamou na piscina para conversar sobre o que estava acontecendo.
Eu não ia falar
que a piscina dele era assombrada, eles iam achar que eu estava mentindo ou que
era louca, então simplesmente falei que não queria mais ter aulas de natação,
que queria parar.
O meu pai perguntou qual era o problema, e eu falei que não
tinha problema nenhum, só que eu não queria mais ter aula de natação.
Sem ter
muito sobre o que discutir, ele falou que tudo bem, que se eu não queria, não
precisava fazer mais as aulas.
Enquanto nós estávamos saindo da área da piscina,
eu me virei e dei uma última olhada para a água., então eu vi o garoto, um pouco abaixo
da superfície, acenando para mim, com um jeito zombeteiro.
Eu me virei e fui
para casa, e nunca mais voltei para aquele lugar.
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Andréa - São Paulo - S.P. |
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